Depósitos Minerais
Os depósitos minerais são de suma importância para a humanidade, pois são rochas que contém quantidade acima da média de elementos amplamente utilizados no cotidiano de todas as pessoas, como alumínio, ferro e cobre. Assim como todas as outras rochas, os depósitos contidos são continuamente criados e destruídos pelos processos geológicos que ocorrem no interior e na superfície terrestre.
Metalogenia
Os processos metalogenéticos compreendem mudanças químicas de elementos ou compostos que estavam disseminados em grandes volumes rochosos, dos quais são transportados e concentrados ou trapeados em espaços menores e, dessa forma, formam zonas mineralizadas.
Tempo de formação
Esse tempo de formação dos depósitos minerais podem se estender por milhões de anos, ou seja, numa escala muito maior que o tempo de vida humana. Os minerais, cristais que compõem todas rochas, são definidos como “substância inorgânicas sólidas e homogêneas, com ocorrência natural, composição química definida e arranjo cristalino ordenado”.
Depósitos Supergênicos
A geologia econômica classifica esses depósitos de acordo com algumas características e, neste texto, serão abordados os depósitos supergênicos que, em linhas gerais, são formados em superfície por soluções descendentes de fluídos na crosta terrestre.
A geração dos depósitos supergênicos ocorrem a partir de alterações físicas e químicas das rochas submetidas ao intemperismo. Mas, para que essa situação ocorra, é necessária a existência de uma rocha adequada, designada de rocha inalterada, parental ou rocha-mãe, para que aconteça a alteração supergênica. Alguns constituintes da rocha-mãe permanecem fixados no manto de intemperismo, enquanto outros são eliminados. Sendo assim, tais comportamentos vão depender das características geoquímicas dos elementos, sejam eles móveis ou imóveis. Ao final do processo, o resíduo químico restante estará concentrado, sendo composto por substâncias pouco solúveis e, por isso, pode ser designado como depósitos residuais. A apresentação das substâncias mineralizadas será na forma de oxiânions, como por exemplo, óxidos e hidróxidos, fosfatos, silicatos e carbonatos, que são classificações minerais que dependem de suas composições.
Além disso, há outros itens que comandam a alteração química da rocha-mãe, por vezes preservando a fase química insolúvel ou mesmo viabilizando a mobilização da fase solúvel, são eles: o clima, vegetação, relevo e a drenagem hídrica. Como os depósitos são gerados no manto de intemperismo, isto é, próximos a superfície, a erosão é parte fundamental do processo. Logo, essa situação faz com que a grande maioria dos depósitos identificados e lavrados da classe supergênicos é de idade jovem, datado do pós-Mesozóico e, geralmente, são encontrados nas regiões intertropicais, dado que o intemperismo é favorecido pelas condições climáticas, as quais intensificam esse processo quanto mais quente e úmido estiver. Dessa forma, o clima equatorial e tropical favorece a ocorrência desse tipo de depósito no Brasil, tornando-se essencial para a economia mineral do país.
O principal condicionante desses tipos de depósitos é o intemperismo químico, visto que as reações químicas das rochas são correlacionadas com a atuação mútua das chuvas intensas, CO2 e a geração de ácidos orgânicos em condições quentes e úmidas, através do intemperismo biológico, o que propicia reações como hidratação, oxidação, e ataque por outros tipos de ácidos. Além do clima, as demais condições necessárias para a geração de depósitos supergênicos envolvem a presença de relevo suave, nível freático profundo e estabilidade tectônica, condições sine qua non de preservação das rochas (Figueiredo, 2000; Biondi, 2003).
Exemplos de depósitos
Os estudos de solos e coberturas lateríticas, especialmente em regiões tropicais úmidas, compreendem ferramentas efetivas direcionadas à prospecção de depósitos minerais em subsuperfície ou mesmo em profundidade. Dentre tais estudos, destacam-se aqueles relacionados a depósitos lateríticos ou de enriquecimento supergênico, referentes à jazimentos de ouro laterítico, bauxita, ferro, manganês, nióbio, níquel, caulim e outros minerais. (Figueiredo, 2000).
Figura 1 - Na imagem acima, é visto um depósito laterítico, que é um tipo de depósito supergênico. Observa-se a frente de lavra na mina PPSA de caulim (Rio Capim, Ipixuna – Pará) destacada com os principais materiais geológicos. Fonte: INTEMPERISMO E DEPÓSITOS MINERAIS LATERÍTICOS NO NORDESTE DO PARÁ: FOSFATOS DE ALUMÍNIO, CAULIM E BAUXITA.
O solo laterítico consiste em uma mistura de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, óxido de manganês, remanescentes da dissolução e lixiviação da sílica e outros óxidos, ocorrendo também, nesta situação, a redistribuição de metais no perfil de alteração. Bauxitas compreendem lateritas formadas por minerais de alumínio que, por vezes, concentram também gálio. Especificadamente, o termo bauxita é empregado a fim de referir-se a lateritas com 80 a 90% de Al2O3 (teores em base seca) (Biondi, 2003).
Figura 2- Perfil laterítico genérico mostrando os diferentes horizontes de alteração. (modificado de Butt et al. 2000).
As jazidas supergêncas são formadas por materiais residuais e, dessa forma compreendem várias espécies de hidróxido de alumínio como boehmita e gibbsita, além de diásporos e impurezas (e.g., caulinita, nontronita, óxidos e hidróxidos de ferro). Seus vários hábitos (forma física dos minerais) compreendem formas pisolíticas, oolíticas, amorfas, esponjosas ou argilosas, ocorrendo comumente a bauxita laterítica (a partir de rochas alumino-silicáticas), além da bauxita karst (proveniente de rocha carbonática sob processo de carstificação). No Brasil, jazidas de bauxita, com idade Terciária a recente, ocorrem nas regiões amazônica, sul e sudeste. Tais locais foram originadas da atuação intempérica em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares (Figueiredo, 2000).
Referências
Biondi, J.C. Sistema mineralizador laterítico (residual e/ou supergênico). In: J.C. Biondi. Processos metalogenéticos e os depósitos minerais brasileiros. São Paulo: Oficina de Textos, 2003, cap. 6, p. 377-423.
Boa, T. M. R. F. Níquel e Cobalto. Belo Horizonte: CODEMGE, 2018, cap. 4, p. 9-13.
Carrino, T.A.; Silva, A.A.C.; Silva, A.M.; Botelho, N.F. Detecção de ocorrências de coberturas supergênicas a partir de imagens altimétricas e gamaespectrométricas: os alvos do extremo leste do Amazonas. In: Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. INPE, p. 3197-3204.
Costa, M.L. Intemperismo e depósitos minerais lateríticos no nordeste do Pará: fosfatos de alumínio, caulim e bauxita. GMGA (Grupo de Mineralogia e Geoquímica Aplicada), 2018.
Figueiredo, B.R. Processos supergênicos. In: Figueiredo B.R. Minérios e ambiente. Campinas: Editora da Unicamp, 2000, cap. 16, p. 297-306.
Lobato, L. M. (2010). Metallogeny of the Brazilian Precambrian Archaean & Proterozoic Mineral Provinces of Brazil.
Lobato, L. M. (2016). Ouro No Brasil: Principais Depósitos, Produção E Perspectivas. Simexmin Vii.
TEIXEIRA, TOLEDO, FAIRCHILD E TAIOLI (2000) - Decifrando a Terra –Oficina de Textos, São Paulo.
Autora: Rayanne Lina Bicalho
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