top of page
Search

Província Borborema Meridional: Faixas Sergipana, Riacho do Pontal e Rio Preto

PROVÍNCIA BORBOREMA MERIDIONAL

A Província Borborema se caracteriza, de maneira geral, por terrenos neoproterozóicos, situada ao norte do Cráton São Francisco e influenciada pela Orogenia Brasiliana, compreendendo, segundo Santos et al. (2000) e Brito Neves et al. (2000) 5 subprovíncias: Médio Coreaú, Ceará Central, Rio Grande do Norte, Transversal e Meridional.


A Província Borborema Meridional refere-se à porção localizada ao extremo sul da província e compreende um cinturão contracional metavulcanossedimentar toniano-ediacarano, englobando a faixa sergipana, faixa riacho do pontal e faixa rio preto. Além disso, separa-se da subprovíncia transversal pelo Lineamento Pernambuco (figura 1).



Figura 1: Subdivisão geotectônica da Província Borborema e as mineralizações das partes norte e central descritas no presente capítulo. Siglas dos domínios geotectônicos: SMC: subprovíncia Médio Coreaú; SCC: Subprovíncia Ceará Central; SRN: Subprovíncia Rio Grande do Norte; STR: Subprovíncia Transversal; SME: Subprovíncia Meridional. (modificado de CPRM 2014).


A seguir trataremos detalhadamente as características e as ocorrências/depósitos minerais mais importantes das faixas Sergipana, Riacho do Pontal e Rio Preto (figura 2). De maneira geral, a principal vocação metalogenética dessas faixas é para mineralizações hospedadas em rochas sedimentares e em corpos máfico-ultramáficos.


Figura 2: Localização das Faixas Sergipana, Riacho do Pontal e Rio Preto na região norte do Cráton do São Francisco (modificado de Alkmim 2004).


FAIXA SERGIPANA

Esta faixa foi formada pela colisão continental entre o Cráton São Francisco, ao sul, e o domínio Pernambuco Alagoas (PEAL) da Província Borborema, ao norte, durante a orogênese do Brasiliano, no Neoproterozóico (Brito Neves et al., 1977, Van Schmus et al. 2008, Bueno et al., 2009, Oliveira et al. 2010). Durante o processo, ela passou por três episódios principais de deformação: O primeiro caracterizado por nappes e zonas de empurrão vergentes para o sul, posteriormente reativado pelo segundo episódio, que está associado com um regime transpressivo que afetou toda a faixa, e por fim o terceiro, provavelmente ocorrido após 600 Ma, quando toda a faixa foi soerguida principalmente ao longo das zonas de cisalhamento regional.

Sobre os domínios litoestratigráficos, de norte para sul, segundo Santos & Souza (1988), Davison & Santos (1989) e Silva Filho (1998) são: Canindé, Poço Redondo, Marancó, Macururé, Vaza Barris e Estância, cada um deles separado do outro por zonas de cisalhamento regionais. Os três últimos são constituídos principalmente por rochas metassedimentares, com grau metamórfico aumentando de pouco ou não-metamórfico no domínio Estância, para xistos verdes no domínio Vaza Barris até fácies anfibolito no domínio Macururé. Equivalentes do domínio Macururé em mais alto grau (granulito retrometamorfisado para anfibolito) ocorrem no domínio PEAL (Silva Filho & Torres 2002, Silva Filho et al. 2003). Granitos neoproterozóicos ocorrem em todas as regiões ao norte da falha São Miguel do Aleixo e são ausentes nos domínios mais meridionais, isto é, Vaza Barris e Estância. Esses dois últimas possuem como embasamento rochas paleoproterozóicas e arqueanas pertencentes ou correlacionáveis ao Cráton São Francisco.


Relacionando os domínios litoestratigráficos com a metalogênese da faixa Sergipana, tem-se exploração de calcário nos domínios Estância, Vaza Barris e Macururé, e principalmente vocação metalogenética para depósitos de Ni, Cr e Cu hospedados em corpos máfico-ultramáficos. Ocorrências de Cr são conhecidas em peridotitos da serra de Marancó (Menezes Filho et al. 1988a), no domínio Marancó, mas até então nenhuma jazida foi delimitada. Entretanto, são os complexos máfico-ultramáficos de Canindé e Serrote da Laje os detentores do maior potencial metalogenético.

Cobre e Níquel


No Complexo Canindé (~700 Ma) (Oliveira et al. 2010), considerado como um complexo estratiforme alojado em ambiente continental (Oliveira & Tarney 1990), Tesch et al. (1980a,b) cubaram cerca de 17 milhões de toneladas de minério de Cu e Ni hospedados em rochas gabróicas. Os minerais de minério ocorrem disseminados e consistem essencialmente em calcopirita e pentlandita, com quantidades subordinadas de cubanita, calcocita, esfarelita, covelita, ilmenita, pirrotita e pirita. Ainda de acordo com Tesch et al. (1980a), o complexo também tem potencial para elementos do grupo da platina, embora as análises químicas realizadas tenham revelado teores totais de elementos do grupo da platina inferiores a 100 ppb.

Cobre, Ouro e Ferro


O Complexo máfico-ultramáfico Serrote da Laje é o mais relevante da Faixa Sergipana, despertando uma expectativa de explotação de aproximadamente 170 milhões de toneladas de Cu, Au e Fe a 0,51% Cu, 0,09g/t Au e 14,8% Fe (Aura Mineral Resources, 2010). O complexo se encontra a 15 km a noroeste de Arapiraca, Alagoas, e está encaixado em gnaisses com granada, sillimanita, cordierita e biotita e em rochas calcissilicáticas seccionadas por folhas graníticas pegmatitos (Horbach & Marimon 1988).


A mineralização de cobre-ouro está distribuída nos depósitos de Serrote e Caboclo, nos quais ocorre como disseminações em um complexo estratificado de hiperstenito, norito e gabro, ou muito concentrada em magnetititos maciços a semi-maciços. Nos dois depósitos, os sulfetos característicos são calcopirita, bornita, pirita e pirrotita (Figura 3). A idade do complexo é ainda incerta.


Figura 3: Aspectos de campo do depósito de cobre de Serrote da Laje. A) calcopirita disseminada em hiperstenito; B) aspectos das rochas máfico-ultramáficas no campo. Extraído de Aura Mineral Resources (2010).

RIACHO DO PONTAL

A faixa Riacho do Pontal é composta por um embasamento arqueano/paleoproterozóico de gnaisses e migmatitos, seguida pelo Complexo Grupo Casa Nova e o Complexo plutono-vulcano sedimentar Brejo Seco (Figura 4).


Figura 4: Mapa geológico simplificado da Faixa Riacho do Pontal, segundo Schobbenhaus et al. 1995, Gomes 1990, Angelim & Silva Filho 1993, Angelim 2001 e Uhlein et al. 2010.Pe – Petrolina, Ju – Juazeiro, CN – Casa Nova, R – Rajada, A – Afrânio, MO – Monte Orebe, Pa – Paulistana, BS – Brejo Seco, SJP – São João do Piauí, SRN – São Raimundo Nonato.


O Complexo Grupo Casa Nova O Grupo contém as rochas supracrustais da Faixa de Dobramentos Riacho do Pontal, e é composto principalmente por metapelitos (micaxistos e filitos).


O complexo Brejo Seco consiste em um complexo máfico-ultramáfico intrusivo fácies xisto verde de cerca de 10 km de comprimento, encaixado em rochas supercrustais de sequências turbidíticas, metavulcânicas e metassedimentos arenoargilosos. As rochas presentes são metamórficas, principalmente actinolitaclorita xistos, com protólito ígneo, como dunito e gabro (Oliveira, et al, 2014).


Na Faixa Riacho do Pontal foram catalogados indícios diretos de mineralizações de níquel, vermiculita, calcário, talco e grafita. Também foram encontrados indícios geoquímicos de concentrações anômalas de ouro, cobre, zinco, chumbo, estanho e cromo. Destaque para o níquel laterítico do Complexo Brejo Seco e a jazida de vermiculita de Massapê, ambos no Piauí. Segundo Angelim, 2001, A Faixa Riacho do Pontal apresenta áreas mineralizadas com potencial de abrigar depósitos minerais, sugeridas por análises geoquímicas, geofísicas, petrológicas e ambiência geológica. Alguns desses potenciais depósitos incluem ouro, cobre, cromo, prata (Complexo Brejo Seco) e Bário e Ouro em zonas de cisalhamento de faixa dobrada.


RIO PRETO

A Faixa Rio Preto, no limite noroeste da Bahia, é a região orogênica menos estudada no contexto do Cráton São Francisco. Atualmente, a bibliografia considera a Faixa composta pelo grupo Rio Preto. O embasamento é constituído por granitos, gnaisses e migmatitos, de idade arqueana a paleoproterozóica e retrabalhamento no Brasiliano. Nos trabalhos mais recentes, o Grupo Rio Preto é definido como uma sedimentação de idade neoproterozóica, de espessura aproximada de 7500 m, podendo ocorrer metamorfismo fácies xisto verde. Não são apontados, até o momento, potenciais relevantes em metalogenia (Oliveira, et al, 2014).


Autoria: Millena Menezes Marques; Mírian de Cássia Alves Niso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Metalogênese das Províncias Tectônicas Brasileiras. CPRM. 2014. (pp.343-145; 389-414)

OLIVEIRA, E. P.; UHLEIN, A.; CAXITO, F. A.; SILVA, M. E. Metalogênese Da Província Borborema Meridional: Faixas Sergipana, Riacho Do Pontal E Rio Preto. In: SILVA, M. G.; ROCHA NETO, M. B.; JOST, H.; KUYUMJIAN, R. M. (org.). Metalogênese Das Províncias Tectônicas Brasileiras. Belo Horizonte: CPRM, 2014. p.389-414.


297 views0 comments

Recent Posts

See All

© 2022 by UFMG SEG

bottom of page